"Há flores cobrindo o telhado
E embaixo do meu travesseiro
Há flores por todos os lados
Há flores em tudo que eu vejo"
E embaixo do meu travesseiro
Há flores por todos os lados
Há flores em tudo que eu vejo"
Paralelos, simultâneo. Reciprocidade! Lá ia ele em sua bicicleta voadora. O vento a escorregar sobre seu rosto e seus cabelos dançantes fugindo da ordem. Tendo ele, deixado em seu sono, toda uma tristeza desnecessária, excessiva. Theodoro era assim, gostava de luz, cores, vento, movimento, alegria! Por onde passava deixava seu rastro de felicidade e conforto. Organizava, sem perfeccionismo, mas por pura intuição. Cantava, feito um anjo de cachos dourados que comparecia a fazer carinho aos ouvintes. Havia se mudado há pouco tempo. 201. E agora percorria as ruas da cidade com tanta propriedade e ousadia, que mal podiam lhe dizer que era novo por ali.
Ainda estava um pouco chateado. Tom o havia magoado no dia anterior. Na verdade não sabia ao certo o que havia acontecido. Era tudo muito claro e confuso. Só sentia que ambos pensavam o mesmo, ou simplesmente não pensavam, o mesmo.Tom justificava, traduzia, engavetava. Gostava de explicações, a razão em pessoa. Sempre de olhos abertos a perceber minúcias, detalhes a catalogar em seu grande dicionário embutido. Inteligentíssimo, culto, educado, repartia o cabelo de lado.Enquanto o sinal de trânsito fechava, sua cor abria a mente de Theodoro. Que repentino e brusco estacionava sua bicicleta na calçada para poder revirar sua mochila e tirar de dentro dela, seu telefone.
Ainda estava um pouco chateado. Tom o havia magoado no dia anterior. Na verdade não sabia ao certo o que havia acontecido. Era tudo muito claro e confuso. Só sentia que ambos pensavam o mesmo, ou simplesmente não pensavam, o mesmo.Tom justificava, traduzia, engavetava. Gostava de explicações, a razão em pessoa. Sempre de olhos abertos a perceber minúcias, detalhes a catalogar em seu grande dicionário embutido. Inteligentíssimo, culto, educado, repartia o cabelo de lado.Enquanto o sinal de trânsito fechava, sua cor abria a mente de Theodoro. Que repentino e brusco estacionava sua bicicleta na calçada para poder revirar sua mochila e tirar de dentro dela, seu telefone.
-Tom?
-Tom.
-Você sabe que estive pensando que aquilo tudo que você me disse pode ser verdade mesmo? É, a gente pensa que não, quer dizer, você pensa, mas talvez seja sim.
Tom permaneceu emudecido.
-Tom.
-Você sabe que estive pensando que aquilo tudo que você me disse pode ser verdade mesmo? É, a gente pensa que não, quer dizer, você pensa, mas talvez seja sim.
Tom permaneceu emudecido.
-Tom? Alô, tom, tá me ouvindo, tom?
-To.
-Então diz alguma coisa.
-Disse tudo ontem.
-Eu sei, achei tudo muito estranho, e confuso, e impossível, mas talvez não tenha nada de errado.É como uma cor, Tom, vermelho, vermelho é apenas uma cor, existem tantas outras. Parecidas até, mas existem. Isso quer dizer que pode existir também.
-Conversei com Valéria ontem, eu disse a ela o que entendi e você podia...
-To.
-Então diz alguma coisa.
-Disse tudo ontem.
-Eu sei, achei tudo muito estranho, e confuso, e impossível, mas talvez não tenha nada de errado.É como uma cor, Tom, vermelho, vermelho é apenas uma cor, existem tantas outras. Parecidas até, mas existem. Isso quer dizer que pode existir também.
-Conversei com Valéria ontem, eu disse a ela o que entendi e você podia...
A bateria do celular havia terminado. As pessoas na calçada espantaram-se com o grito de desabafo vindo de Theodoro. Subiu novamente em sua bicicleta e continuou seu percurso pensando no que seria possível. Passaria um dia inteiro na duvida, condenando-se pela distração de não ter carregado sua fonte de comunicação imediata. Porém feliz, pois por trás de todo um silêncio e poucas palavras, vira que Tom, o respondia de outra maneira, talvez em outro Tom.
Tom, após tentar retorno inutilmente, voltou ao afazer de arrumar-se para o trabalho. No meio de sua testa uma ruga insistia em aparecer, mesmo que ele não percebesse.